top of page

Hora de alimentar serpentes: uma proposta de leitura.

  • Foto do escritor: Mônica Cyríaco
    Mônica Cyríaco
  • 4 de jun. de 2019
  • 12 min de leitura

Atualizado: 22 de dez. de 2022

Sei que estou um pouco atrasada com esse post, a prova da UERJ será no próximo domingo e, como minha proposta aqui é trabalhar com professores, sei que a maioria deles já está estudando o livro com seus alunos,em sala. Vou tentar, então, trazer algumas questões a respeito das minhas reflexões e das minhas pesquisas sobre os minicontos e espero poder, de alguma maneira, colaborar com o sucesso dos nossos meninos no domingo.


Antes de qualquer passo, os alunos já deverão ter feito sua leitura prévia, eu costumava começar a leitura duas semanas antes, com eles em sala, lendo juntos e já preparando o terreno para o que eles encontrariam naquele livro. No final daquela aula, já marcávamos a data para a discussão e análise do material. Só então, a partir do que eles traziam de suas impressões , eu começava a discussão.


No caso do livro de Marina Colasanti, é provável que eles venham cheios de dúvidas , de afirmações como " não entendi nada, explica" , nosso trabalho é mostrar que eles entenderam muitas coisas,sim, mas que há outras que eles vão compreendendo à medida que forem entrando no jogo textual e esse é o nosso papel de mediadores.

Para iniciar , numa visão geral da obra, vejamos o significado de duas importantes palavras presentes logo no início do livro:


PRÓLOGO:

1 - Primeiro ato de um drama em que se representam acontecimentos passados antes da ação principal.
2 - Texto que antecede a parte principal de uma obra literária.
3 - Parte inicial de um acontecimento.
Agora , observe a etimologia da palavra texto:

TEXTO:

Vem do latim texere (construir, tecer), cujo particípio passado textus também era usado como substantivo, e significava 'maneira de tecer', ou 'coisa tecida', e ainda mais tarde, 'estrutura'. Foi só lá pelo século 14 que a evolução semântica da palavra atingiu o sentido de "tecelagem ou estruturação de palavras", ou 'composição literária', e passou a ser usado em inglês, proveniente do francês antigo texte. https://michaelis.uol.com.br


SERPENTE:
A serpente é um símbolo que aparece em todas as explicações da origem da vida, em diferentes culturas e em diferentes momentos da humanidade. Está ligada ao subterrâneo, ao mundo inferior e à libido, mas também à alma, ao sagrado por representar o infinito ( pense na serpente que morde seu próprio rabo, seria a representação do círculo, da ausência de início e de fim). Ela não passa de uma linha, mas uma linha viva, ao movimentar-se é capaz de metamorfosear-se, trocar de pele e se manter a mesma, símbolo do masculino e do pecado, mas também símbolo da unidade, pode ser fêmea e macho, está na mitologia grega como um atributo de Atena, a deusa da inteligência. Como símbolo da Medicina está ligada ao renascimento, regeneração, força vital. Na cultura cristã costuma estar associada à traição, astúcia , frieza.
(CHEVALIER, Jean & GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos)

No Prólogo, primeiro conto, se instaura toda a metáfora que constrói e dá unidade ao livro :


Enfiou a serpente na agulha. E começou a costurar.


O prólogo nos diz que leremos contos que serão tecidos, costurados com serpente. Portanto, impossível dizer que os contos não formam uma unidade temática, pois o que os une é a linha-serpente, com toda a sua sinuosidade, sua malícia , sua astúcia e inteligência. São contos formados por uma poderosa prosa poética, carregados de significação, guiados por um olhar amoroso do narrador, que rejeita se conformar com o real, mas abraça realidades expandidas, como afirma Colasanti em uma entrevista. Por ter formação em Belas -Artes, atribui à sua formação em gravura em metal a influência na construção de seus textos, já que neles procura sempre criar retratos contrastantes, luz e sombra, oposições.

O livro investiga a condição humana , suas contradições, seus desejos, suas dificuldades, o medo da morte, a velhice e a solidão, suas duplicidades, as máscaras que os escondem/cobrem, sempre buscando o olhar empático a partir da perspectiva.


POR DENTRO

Tão difícil, para ela, se aquecer à noite. Calçava meias, e os pés, de gelo. Vestia pijama felpudo, e as pernas, de mármore. Suéteres e braços cruzados sobre o peito de quase nada adiantavam. E cobertores, cobertores, cobertores. Na noite em que por cima de tudo deitou seu casaco de lã de carneiro, sentiu-se enfim protegida. Acordou de madrugada, a nuca quente, os cabelos empapados de suor, e uma náusea, um ímpeto que lhe enchia a boca de água e buscava expelir o que havia em si de mais fundo. Sem se importar com o tapete, debruçou-se na beira da cama e, num jato, vomitou os primeiros coágulos de fogo.


Roberto D'Ávila, na crítica que fez ao livro em seu lançamento disse que "pelo menos durante esse momento de leitura, não há solidão, mas reflexão, companhia e cumplicidade, as melhores coisas que a literatura pode nos oferecer."


ESTRUTURA DO MINICONTO


Vamos começar pela visão geral da obra e pela pergunta : o que é um miniconto?

Segundo Marina Colasanti, um miniconto é produto de ourivesaria da literatura e exige um cuidado grande com a forma. Nada pode sobrar. Nada pode faltar. Sobre uma superfície mínima deve haver uma intensidade e tensão máximas, para que se desdobre em vários ECOS após a 1ª leitura. O narrador cria uma armadilha que atrai e desestabiliza o leitor, "como pedacinhos de pão , marcando um caminho a ser seguido pelo leitor , caminho aparentemente sereno que o levará , porém , a cair num território enfeitiçado". (Colasanti)

Vejam se não é essa a sensação produzida em nossos jovens leitores!!! E como esse efeito é alcançado? Há alguns elementos textuais que serão intrínsecos ao miniconto, como a intertextualidade, a polifonia, o humor e a ironia, a utilização de antíteses e paradoxos e a multiplicidade de perspectivas.


A INTERTEXTUALIDADE E POLIFONIA


O melhor recurso para que se possa alcançar a máxima economia verbal no gênero miniconto é a intertextualidade, pois esta permite que se possam preencher rapidamente as elipses do texto inicial. De imediato, o leitor é colocado dentro da narrativa, pois já (re)conhece, a partir de seu repertório sociocultural, modelos de histórias e de personagens clássicos. O mergulho profundo no texto se dará quanto maior for a mochila cultural ( nas palavras de Colasanti) que o leitor carregar.

No livro, a natureza intertextual permite o diálogo poético, paródico e satírico com a tradição, como podemos ver nos contos intitulados História (1 a 8), ou o diálogo com a memória coletiva, como nos contos intitulados Insônia, em que se descreve a ação de contar carneirinhos a partir do discurso do lobo, da ovelha e do homem. Esses diálogos atualizam os textos e instauram outras perspectivas para o que é narrado, desestruturam logicamente o senso comum porque deformam e transformam o texto-fonte. Um outro tipo de intertextualidade ocorre pela transformação ou imitação de gêneros e de estilos, como ocorre nos textos em que se faz uma alusão estilística aos gêneros fábula e roteiro, por exemplo.

ESPÉCIE DE ROTEIRO PARA CORVO E RAPOSA

Todas as cenas – Exterior – Dia.

Alguma grama ao pé de árvore cuja alta copa mais intuímos do que vemos. Em quadro, além do tronco, só um galho.

Cena 1

A raposa prepara-se para saborear um perfumoso camembert pousado à sua frente, na grama. Atento, no galho acima dela, o corvo tudo observa. Antes que a raposa ataque o queijo, ergue as penas do rabo e caga com certeira pontaria, despejando sua carga bem no centro da forma branca.

Cena 2

Surpresa da raposa. Que olha o queijo, olha desconfiada para um lado, torna a olhar o queijo, olha para o outro lado. Do alto chega a voz do corvo. – Comadre raposa, não posso acreditar que a senhora, tão bela, tão elegante sempre, com pelo tão brilhante e inigualável cauda, vá comer queijo tão imundo. – De fato, compadre corvo, não é coisa para mim. Estava justamente olhando ao redor, para ver se descobria alguém, mais do que eu, indicado para recebê-lo.

Cena 3

Close na raposa que olha para cima. – Gostaria de lhe oferecer esta iguaria, compadre corvo. Pausa. A raposa faz dengo de frágil donzela. – Mas não tenho forças, não tenho mesmo – a raposa abaixa a cabeça frisando sua impotência – para atirá-lo tão alto. Cala-se esperando que suas palavras atinjam o objetivo. Depois, com voz densa e sedutora: – Mas se o senhor estiver interessado...

Cena 4

Big close nos olhos amarelos da raposa, que baixa lentamente as pálpebras. Ouve-se o farfalhar das asas do corvo.

Cena 5

O corvo pousa junto ao queijo. E já abre o bico, quando a raposa lhe salta em cima, e de uma só bocada o devora.

Cena 6

Uma pena preta volteia no ar. A raposa colhe a pena. E com ela entre os dentes limpa cuidadosamente o camembert, que comerá de sobremesa.


Ao mesmo tempo em que o leitor reconhece o gênero fábula, percebe que algo não funciona como de costume, já que a moral à qual está acostumado nesse tipo de texto não acontece, a desautomatização do discurso se dá de maneira imediata tanto pelo conteúdo quanto pela mistura de gêneros textuais. O conhecimento de mundo do leitor precisa ser acionado para que ele possa entrar no jogo textual proposto.


Há, ainda, intertextualidades explícitas, mas que dependem da "mochila cultural" do leitor, como no conto No bar do Phillies, em que o narrador descreve a cena retratada na obra de Edward Hoppe, de 1942, a partir do ponto de vista do homem sozinho no balcão.


Edward Hopper, Nighthawks (Notívagos), 1942

O leitor precisa estar pronto para seguir as pistas do texto, como na imagem dos pedacinhos de pão, as pistas deixadas às vezes são bem delicadas, quase incompreensíveis, mas bastante prazerosas quando seguidas e compreendidas . É o caso do conto Antes que


A xícara de leite está sobre a mesa, à sua frente. Mas uma xícara, pensa a mulher lembrando as palavras de Krishnamurti, só é preciosa quando está vazia. Com cuidado, entorna a xícara e a coloca de volta no pires. Depois, olhos postos na sua única preciosidade, lambe o leite antes que escorra sobre o tapete.

(Hora de alimentar serpentes)


A única pista deixada pelo narrador no conto acima é a referência ao filósofo indiano Krishnamurti. Vamos pesquisá-lo e tudo passará a fazer muito sentido!

A crença impede a verdadeira compreensão Se não tivéssemos crença, o que nos aconteceria? Não teríamos muito medo do que pudesse acontecer? Se não tivéssemos nenhum padrão de ação, baseado em uma ideia – de Deus, ou de comunismo, ou de socialismo, ou de imperialismo, ou em algum tipo de fórmula religiosa, algum dogma em que estivéssemos condicionados – nos sentiríamos completamente perdidos, não é? E a aceitação de uma crença não é o esconderijo desse medo – o medo de, realmente, nada ser, de estar vazio? Afinal, uma xícara só é útil quando está vazia; e uma mente que está cheia de crenças, dogmas, afirmações, citações, é, realmente, uma mente não criativa; ela é apenas uma mente repetitiva. Para fugir desse medo – esse medo do vazio, esse medo da solidão, da estagnação, de não conseguir, não ter sucesso, não chegar, não ser alguma coisa, não se tornar alguma coisa – é certamente uma das razões por que aceitamos crenças tão ávida e sofregamente? E, através da crença, compreendemos a nós mesmos? Ao contrário. Uma crença, religiosa ou política, obviamente impede a compreensão de nós mesmos. Ela atua como uma tela através da qual nos olhamos. E podemos nos olhar sem crenças? Se removemos tais crenças, as muitas crenças que a pessoa tem, há alguma coisa mais para olhar? Se não temos crenças com as quais a mente se identifica, então a mente, sem identificação, é capaz de olhar para si mesma como ela é; e então, certamente há o início da compreensão de si mesmo.
( http://legacy.jkrishnamurti.org. J. Krishnamurti, The Book of Life )

Portanto, o papel da intertextualidade e da polifonia na economia verbal se dá pela alusão ou referência a histórias conhecidas, pelos discursos relatados e inclusões de outras vozes dentro do texto e vai além, já que coloca em tensão dois momentos na construção da narrativa, pois haverá sempre um momento de interseção entre a história secreta e a história que está sendo contada. São esses momentos em que uma história atravessa a outra que dão a cada obra o que realmente importa : o eco, a reflexão que, ao gerar o inusitado, desautomatiza o pensamento.


HUMOR E IRONIA


Outro aspecto do microconto é o humor, que é definido pela escritora como uma maneira mais simpática de dizer coisas um pouco terríveis em vez de demonstrar muita afirmação de autoridade.

A MODERNIDADE CHEGOU ANTES


Subiu no bonde voltando para casa. Morava longe, o percurso seria longo. Mas antes que tivesse alcançado sua última parada os bondes foram desativados, e sobre os trilhos foi deitado o asfalto.


A ironia é transgressora, desvela o jogo de poder , desestabiliza o leitor com aparições insólitas, inesperadas :

PARA ESCAPAR DO PIOR

Sabia-se frágil demais para aguentar cadeia. Suicidou-se então com dois tiros, para só depois ir matar a mulher a facadas.


Desconstrói conceitos e relativiza verdades,


DIREITOS DE PROPRIEDADE

A verdade não estava disponível naquela sala, naquela casa, naquela tarde. No entanto, dois homens discutiram, com irônica elegância a princípio e logo com ferocidade, ambos seguros de possuí-la. Teriam chegado ao duelo, não fosse a intervenção de um terceiro, que oferecia a paz através de uma outra opinião. Recolhidos ao seguro território da civilidade, cada qual mantendo em silêncio seu lote, agora eram três a possuir a verdade inexistente.


Por vezes , apresenta uma reflexão crítica e melancólica acerca da condição humana e do papel do homem no mundo, principalmente quando descobre-se impotente para mudar o imutável. Tanto ao referir-se à velhice e a morte, como no conto abaixo,


LENTAMENTE, NO RUMO

Mão posta na bengala, a velha senhora avança acompanhada por seu velho cão. Caminham devagar, ela lenta em seus passos, ele vagaroso com suas quatro patas. Não há pressa. Dos três, só a bengala não está perto do ponto de chegada.


Quanto à crítica da condição humana e sua relação com a natureza, ironiza a humanidade que perde sua essência e se perde de si mesma, fragmentada.


NÃO HÁ NADA ERRADO

Lutando para livrar-se da humana soberba, foi ao deserto conviver com os animais. Aprenderia deles a bastar-se com o pouco oferecido pela natureza. Tiraria de seu exemplo uma lição de modéstia, estando entre todos sem ser melhor do que ninguém. No deserto, ergueu uma cabana com os raros galhos secos que encontrou. Juntou gravetos, acendeu o fogo, e na pouca água desmanchou o último pedaço de pão que havia trazido. Seria seu jantar. O ar fino da noite ainda não se havia dissipado, quando saiu a caminhar. Se pode minha irmã cabra alimentar-se dessas frutinhas, pensou vendo uma cabra comer dos ramos mais baixos de uma árvore, delas também me alimentarei. E muitas vezes encheu a boca daquelas frutinhas que sabiam a fel e que tão pouca polpa tinham. Mas não demorou a dor a apossar-se do seu estômago, obrigando-o a devolver aquilo que não lhe era destinado, e entregando-o enfraquecido a suas indagações, após longa prostração. Refeito, castigou os pés até chegar a uma lagoa de água salgada. Se pode meu irmão flamingo alimentar-se das minúsculas criaturas que habitam essa água, pensou vendo como os flamingos mergulhavam a cabeça vezes sem conta naquele azul, também delas me alimentarei. E cheio de modéstia afundou o rosto e aspirou profundamente, sentindo o sal cortar-lhe as mucosas e invadir-lhe os pulmões. Porém, sem que o furto do seu ar lhe depositasse na boca qualquer alimento, perdia significado o sacrifício. Durante muitas noites meditou sob as estrelas buscando iluminar sua escuridão interior. Durante muitos dias caminhou descalço sobre a terra esturricada que até as plantas recusavam, tentando vencer sua aridez interior. Uma tarde, encontrou um lagarto. Se pode meu irmão lagarto alimentar-se desses insetos, pensou vendo como o lagarto lançava a língua no ar colhendo seu alimento em voo, também deles me alimentarei. E imóvel sobre uma pedra quente, como o outro havia feito, esperou. A luz do sol cegava-lhe as vistas, o zumbido que o calor impunha a seus ouvidos o ensurdecia. Pequenas criaturas aladas passaram certamente ao seu alcance sem que lhe fosse dado percebê-las. Quando afinal um mosquito aproximou-se, em vão abriu a boca. Sua língua curta e seca de sede, feita mais para a agilidade das palavras do que para a caça, nada conseguiu. O sol se punha. Vendo a sombra do seu corpo alongar-se à frente, voltou à cabana que sequer se atrevia a chamar de eremitério. Juntou alguns gravetos, acendeu o fogo para cozinhar a sopa de ervas. Havia sido orgulhoso querendo negar sua natureza, pensou enquanto a fumaça invadia a cabana. Havia aprendido a lição, pensou ainda, tossindo. A partir de agora seria ele mesmo. – Amanhã – disse em voz alta para ser ouvido por tudo o que estivesse ao redor – tirarei leite da cabra, assarei o cabrito, caçarei o lagarto para fazer sandálias com seu couro, e fotografarei os flamingos. Nada há de errado, pensou, em ser homem.


PARADOXOS E ANTÍTESES


Na criação dos microcontos, outra característica fundamental é a criação de contrastes. É desses retratos contrastantes que surgem as vertigens, o desconforto, as desorientações. " A luz só me interessa porque em algum momento a sombra pulsa", diz Colasanti, deixando-se influenciar por sua experiência de gravadora.


OUTRO MODELO

Cansado de si mesmo, tatuou sobre o seu um corpo mais baixo, mais magro, mais jovem. E de mulher.


É VOCÊ?

É você? pergunta a mulher em voz alta ao ouvir o marido entrando em casa. Mas ele, que há anos se procura, não tem hoje resposta segura para lhe dar. Sai devagar, fecha a porta com cuidado. Voltará de madrugada, quando ela, dormindo, não o confrontar com a pergunta.


Hora de alimentar serpentes é uma excelente oportunidade para que nossos jovens tenham a rica experiência da leitura de um texto literário. O livro trata com humor e delicada ironia muitos temas caros a essa fase de profundos questionamentos existenciais . Se o leitor aceitar o inteligente jogo de enigmas, pistas falsas, armadilhas, escritas com profundidade de reflexão e honestidade no tratamento de temas terá , certamente, alimentado suas serpentes que um dia, quem sabe, haverão de pôr ovos. Boa leitura!








Comments


bottom of page